Pela primeira vez na história o Rio Grande do Norte passa a contar com um serviço de sequenciamento genético realizado no SUS. O trabalho realizado pelo Laboratório Central Dr. Almino Fernandes (Lacen/RN) da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) proporciona uma resposta mais rápida sobre o comportamento do SARS-CoV-2, quais variantes estão circulando e, assim, um controle de maneira mais efetiva da circulação do vírus.  “É um avanço para a saúde pública do Rio Grande do Norte. O presente e o futuro estão no sequenciamento genético”, disse Derley Galvão, diretor administrativo do Lacen.

O sequenciamento teve início no final de fevereiro. Antes o estado esperava mais de um mês para ter resposta de poucas amostras. Com a inovação, o prazo cai pela metade. Até hoje, 103 amostras foram sequenciadas e 95 estão em análise.

Os responsáveis pelo sequenciamento são os bioquímicos do Lacen, Pedro Cavalcanti e Jayra Abrantes, que passaram por um treinamento em Minas Gerais em 2021 e outro dentro do próprio Laboratório Central.

“Com a autonomia conseguimos dar respostas mais rápidas à vigilância em Saúde e assim futuramente proporcionar o sequenciamento de outros agravos, de outros vírus e também de bactérias. É um marco no Estado”, disse Jayra Abrantes.

O sequenciamento ocorre em etapas. A primeira acontece na seleção das amostras, que segue critérios rigorosos, passando pela bancada de experimentos, até chegar na análise dos dados, para gerar um relatório com fins públicos. “Fazemos a curadoria e o tratamento dos dados por bioinformática para a liberação de um relatório com todo o estudo desse material. É um processo minucioso e de muita responsabilidade”, disse Pedro Cavalcanti.

Nesse processo, os bioquímicos fazem a reconstrução filogenética e comparam as variantes que estão circulando no estado e também com o cenário do Brasil e do mundo. “Esse trabalho é fundamental para o controle da doença. Realizamos o mapeamento do vírus, verificamos suas variantes e as respectivas frequências destas, entendendo assim o impacto em cada região, por exemplo”, disse Derley.

O diretor do Lacen explica que o sequenciamento é um serviço de vigilância e não de diagnóstico. “Trabalhamos com critério de seleção dessas amostras. Nem todo mundo que entra com Covid será sequenciado. É importante lembrar que não é o médico quem pede esse tipo de exame, mas sim o próprio Lacen, juntamente com o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs/RN). São utilizados critérios como carga viral, representatividade das amostras, manifestações clínicas atípicas, entre outros”, disse Derley.

Sequenciamento identifica BA.2 – subvariante da Ômicron

Nessas primeiras amostras sequenciadas, o Lacen identificou a BA.2, sub variante da Ômicron. Já comprovado pelo Ministério da Saúde, este é considerado o primeiro caso do RN e o quinto no Brasil. “Fizemos todo o processo de encaminhamento para o CGLAB e através das tratativas dos dados, junto à curadoria que fizemos, o MS confirmou a subvariante”, disse o diretor Derley Galvão.

A identificação é fundamental para compreender como o vírus se comporta dentro da população. “A importância da detecção serve para o planejamento e execução das ações da vigilância em saúde”, finaliza.