A pandemia da Covid-19 fechou as escolas e deixou as salas de aula vazias no mundo todo. No Rio Grande do Norte as instituições públicas de ensino ainda estão sem previsão de retorno às atividades presenciais. Em meio a esse cenário, um projeto que leva a educação para dentro do ambiente hospitalar retomou suas atividades no Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, no mês de setembro, trazendo a alegria da retomada da rotina mesmo num ambiente por vezes pesado como é o de um leito de hospital.

O serviço de Classe Hospitalar garante a continuidade da escolarização para estudantes em tratamento de saúde, em instituições conveniadas (hospitais e casas de apoio), através de Termos de Cooperação Técnica assinados junto às Secretarias de Educação, que cedem professores para as classes hospitalares, possibilitando ao estudante a igualdade de condições e o exercício do direito à Educação, mantendo o vínculo com sua escola e assegurando o seu desenvolvimento educacional.

A ação faz parte das Políticas Educacionais de Inclusão da Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer do Rio Grande do Norte (SEEC/RN) e da Secretaria de Educação do Município de Natal (SME), desde 2010. Segundo os dados estatísticos do Núcleo de Atendimento Educacional Hospitalar e Domiciliar (NAEHD) há, em média, o atendimento de aproximadamente 450 crianças por mês, beneficiando todas as crianças internadas que estejam em idade escolar (03 a 14 anos) no Rio Grande do Norte.

Atualmente existem Termos de Cooperação Técnica com as seguintes instituições: Hospital Infantil Varela Santiago, Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, Hospital do Seridó, Hospital Giselda Trigueiro, Hospital Universitário Onofre Lopes, Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, Grupo de Apoio à Criança com Câncer do RN, Associação de Apoio aos Portadores de Câncer de Mossoró e Região e a Associação Amigos do Coração das Crianças – AMICO.

Ensino remoto

A iniciativa de retomar as atividades educacionais de forma remota tem como objetivo garantir às crianças e adolescentes atendidos no Hospital Maria Alice Fernandes o direito a continuidade das atividades escolares no momento de pandemia e isolamento social. Mesmo aqueles pacientes que estão com suas atividades educacionais suspensas no âmbito escolar retornaram as atividades no âmbito hospitalar.

É o caso de Evellen Nascimento, 11 anos, aluna do 6° ano do ensino fundamental, numa escola pública do município de São Gonçalo Amarante. Internada, há cerca de 1 semana, com hepatite no Hospital Maria Alice Fernandes a menina vibrou quando soube que teria a oportunidade de estudar novamente. “Minha filha gostou muito do projeto porque ela ama estudar e sente muita falta da escola, e a dela não está com aulas online. O serviço social me explicou do projeto, me passou as atividades e nós aceitamos. As professoras aqui são muito atenciosas”, disse a mãe de Evellen, Gerlane Maria de Oliveira.

De acordo com Ana Lucia Costa, uma das professoras do projeto, a equipe pedagógica da Classe Hospitalar, elaborou um plano de atividade remota contendo uma gama de atividades a serem ministradas de forma não presencial, incorporando o uso de tecnologias da informação, como um instrumento facilitador na execução de tarefas, e na realização de ações. “Neste momento em que a maioria dos pacientes está em enfermarias de isolamento por suspeita ou confirmação da covid-19, ficando impossibilitada de participar de atividades lúdicas, de ter acesso aos demais setores da Unidade como a brinquedoteca, essas atividades pedagógicas oferecidas nos kits se tornam uma diversão para os pacientes tirando-os da ociosidade. Isso ajuda a contribuir na continuação das rotinas educativas dos alunos hospitalizados, fomentando e proporcionando a continuidade da aprendizagem desses educandos, nesse período crítico e inesperado pelo qual estamos vivenciando”, disse.

O projeto Classe Hospitalar é oferecido pelo Serviço Social no momento da entrevista de acolhimento e, quando aceito pelo acompanhante e paciente, é disponibilizado o número de WhatsApp da professora para que este usuário entre em contato para receber orientação das atividades. Os atendimentos remotos são realizados individualmente.

As aulas ocorrem, de segunda à quinta-feira, das 14h às 17h, nas instituições de saúde dentro dos espaços das Classes Hospitalares, nos leitos, UTI e em todos os espaços possíveis para a realização de atividades escolares desses estudantes. Os professores realizam as atividades enviadas pelas escolas de origem dos estudantes e desenvolvem também projetos pedagógicos de acordo com o ano/nível de ensino.

As atividades remotas do serviço de Classe Hospitalar no Hospital Maria Alice começaram no inicio deste mês de setembro com o planejamento pedagógico das professoras, elaboração dos kits e sua distribuição com o apoio do Serviço Social. Os kits contêm atividades impressas, lápis, borrachas, lápis de cor, apontador e giz de cera. Aos pacientes menores de 03 anos são oferecidos kits (lápis de pintar e desenhos para colorir) lúdicos pela equipe de psicologia.  Foram elaboradas atividades pedagógicas específicas para cada faixa etária.

Os conteúdos dados estão em consonância com o ano letivo em que os alunos estão matriculados em suas escolas de origem. As atividades tem como instrumento de orientação a grade curricular dos conteúdos do Ensino Fundamental.

“Ficamos muito felizes em poder contribuir um pouco com a vida escolar dessas crianças. Este ano completamos 10 anos do projeto no hospital Maria Alice e são muitas as histórias. Tivemos uma aluna que passou mais de 30 dias internada e depois nos mandou um áudio muito emocionante, agradecendo muito porque, segundo ela, graças ao projeto Classe Hospitalar ela não repetiu de ano e passou do 5° para o 6° ano. Isso nos deixa muito felizes”, concluiu Ana Lucia.

 

Texto: Sesap/Assecom

Foto: Realizada antes da pandemia